Ótimas perspectivas na prevenção da Bronquiolite: um novo capítulo com avanços promissores em vacinas

Mas o que é bronquiolite?

A bronquiolite é uma inflamação dos bronquíolos, que são as pequenas vias aéreas que levam o ar aos alvéolos pulmonares. A bronquiolite causa tosse, chiado no peito, dificuldade para respirar e falta de ar. Em alguns casos, pode haver febre, desidratação e cianose (coloração azulada da pele e das mucosas).

A bronquiolite pode ser causada por vários vírus, mas a maioria dos casos é desencadeada pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR). Ela é mais comum em bebês menores de 6 meses de idade, mas pode afetar crianças maiores e até adultos. A bronquiolite é uma das principais causas de internação hospitalar em bebês, especialmente nos primeiros meses de vida. Seu impacto pode ser devastador em casos de complicações, particularmente em crianças prematuras, com doenças cardíacas ou pulmonares preexistentes, ou com o sistema imunológico comprometido.

Consequências tardias da bronquiolite:

Para muitas crianças, os sintomas desaparecem após a recuperação, mas em alguns casos, os efeitos podem persistir. Estudos mostram que bebês que tiveram bronquiolite grave têm maior probabilidade de desenvolver sibilância recorrente (chiado no peito) e asma na infância e até na vida adulta. Além disso, existe uma maior predisposição para desenvolver doenças respiratórias crônicas, o que pode prejudicar a qualidade de vida e aumentar a necessidade de cuidados médicos frequentes.

Como o VSR é transmitido?

A bronquiolite é uma doença altamente contagiosa que se transmite por contato direto com as secreções respiratórias ou por gotículas de saliva no ar e superfícies contaminadas.

Existe tratamento para a bronquiolite?

Não existe um tratamento específico para a bronquiolite, apenas medidas de suporte, como hidratação, oxigenoterapia, fisioterapia respiratória e uso de medicamentos para aliviar os sintomas.

E o VSR em idosos?

O VSR é responsável por cerca de 10% das pneumonias em idosos e pode levar a complicações graves, como insuficiência respiratória e cardíaca. Os sintomas mais comuns são febre, tosse, coriza, falta de ar e chiado no peito. Em alguns casos, pode haver também dor de garganta, dor de cabeça, perda de apetite e fadiga. Idosos acima de 80 anos e/ou com comorbidades estão especialmente sujeitos as formas mais severas da infecção pelo VSR.

Existe Vacina contra o VSR?

Sim, e os últimos anos foram de grandes avanços nesse sentido. Pelo menos quatro produtos estão aprovados no Brasil e 3 deles já disponíveis para uso.

Vacina Arexvy® – GSK (já disponível)

A vacina da GSK é a primeira vacina contra o VSR aprovada no mundo e é indicada para pessoas com mais de 60 anos de idade. Ela é aplicada em dose única por via intramuscular e tem uma eficácia de mais de 80% na prevenção da doença do trato respiratório inferior por VSR. Juntamente com as vacinas contra a gripe, COVID-19 e doença pneumocócica já disponíveis para uso, essa nova vacina aumenta nosso arsenal de proteção contra doenças respiratórias. Importante: A vacina Arexvy® não está autorizada para uso em gestantes.

O Beyfortus® – Pfizer (em breve disponível)

O Beyfortus® – nirsevimabe apesar de não ser uma vacina, funciona de maneira parecida, é um anticorpo (molécula de defesa) monoclonal que se liga ao VSR e impede sua entrada nas células. Ele é administrado em dose única por via intramuscular e tem uma eficácia de mais de 70% na prevenção da hospitalização por VSR. Deve chegar em breve às clínicas privadas de vacinação e maternidades. De acordo com o calendário da Sociedade Brasileira de Imunizações, o Beyfortus® está indicado para uso da seguinte forma: Dose única para ≤ 1 ano na primeira sazonalidade. Na segunda sazonalidade, para crianças de até 2 anos com maior risco. A sazonalidade varia de região para região no Brasil e o pediatra deverá orientar quando o Beyfortus® deve ser feito.

Synagis® – AstraZeneca (já disponível)

No Brasil, já utilizamos há vários anos o palivizumabe (Synagis®) para a prevenção da doença por VSR em pacientes pediátricos de alto risco (prematuros, cardiopatas e pneumopatas). É um anticorpo monoclonal que se liga ao VSR e impede sua entrada nas células assim como o Beyfortus®. Ele é administrado por via intramuscular, uma vez por mês, durante os períodos de maior circulação do vírus na comunidade (sazonalidade). O palivizumabe demonstrou reduzir a incidência e a gravidade da doença por VSR em crianças prematuras e com displasia broncopulmonar. A sua indicação restrita e frequência de uso (até 5 x no ano), sinaliza que em um futuro breve, deve ser substituído pelo Beyfortus®.

Vacina Abrysvo® – Pfizer (já disponível)

A vacina Abrysvo® é uma das mais recentes inovações no combate ao vírus sincicial respiratório (VSR). A Abrysvo® é aprovada para dois grupos principais: Pessoas com mais de 60 anos e Gestantes. Assim com a Arexvy®, pessoas com 60 anos ou mais podem receber a Abrysvo®, uma vez que o VSR também representa uma séria ameaça para essa faixa etária, especialmente para aqueles com comorbidades respiratórias ou cardiovasculares.

A grande novidade da Vacina diz respeito as gestantes já que, diferente da Arexvy®, a Abrysvo® pode ser administrada a mulheres grávidas, entre as semanas 32 e 36 de gestação (de acordo com a SBIm). O objetivo é garantir a passagem de anticorpos para o bebê antes do nascimento, protegendo-o nos primeiros meses de vida, período em que é mais vulnerável a infecções pelo VSR. Durante a gravidez, a mãe transmite naturalmente anticorpos ao feto através da placenta, especialmente nas últimas semanas de gestação. A vacina Abrysvo® aproveita esse processo natural. Quando a gestante é vacinada, o sistema imunológico da gestante é estimulado a produzir anticorpos específicos contra o VSR. Esses anticorpos atravessam a placenta e protegem o bebê logo após o nascimento e nos primeiros meses. Essa imunidade passiva proporcionada pelos anticorpos maternos é vital nos primeiros 6 meses de vida, quando o bebê é mais suscetível a infecções respiratórias graves, mas ainda é jovem demais para receber algumas vacinas. Além da transferência de anticorpos pela placenta, os anticorpos maternos contra o VSR também podem ser passados através do leite materno. Dessa forma amamentação oferece um benefício adicional ao prolongar o fornecimento de anticorpos protetores.

Essas novas medicações representam um avanço na prevenção do VSR e podem beneficiar milhões de pessoas que sofrem com esse vírus todos os anos.

Outras medidas já conhecidas e disponíveis são muito importantes para a prevenção do VSR e outros vírus respiratórios:

– Evitar o contato com pessoas doentes ou com sintomas respiratórios;

– Higienizar as mãos frequentemente com água e sabão ou álcool gel;

– Cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar;

– Limpar e desinfetar superfícies e objetos que possam estar contaminados;

– Manter uma boa hidratação e alimentação;

– Evitar aglomerações e ambientes fechados;

– Manter as vacinas em dia, especialmente contra a gripe e o pneumococo.