Existem dois tipos de vacinas que previnem a poliomielite: a Vacina Oral Poliomielite (VOP) e a Vacina Inativada Poliomielite (VIP).
A VOP é uma vacina atenuada bivalente, ou seja, composta pelos vírus da pólio tipos 1 e 3, vivos, mas “enfraquecidos”. A VOP, por conter vírus vivos, embora “enfraquecidos”, pode causar alguns eventos indesejáveis. Um desses eventos é a Poliomielite associada à vacina, que ocorre quando o vírus da vacina causa poliomielite na pessoa vacinada ou em quem convive com ela. Isso pode acontecer de quatro a 40 dias após a vacinação, com uma taxa de registros de um caso para cada 3,2 milhões de doses aplicadas, ou seja, um evento raríssimo.
Já a VIP é uma vacina trivalente e injetável, composta por partículas dos vírus da pólio tipos 1, 2 e 3, que, por ser inativada, não tem como causar a doença. Nas Unidades Básicas de Saúde, a apresentação isolada da VIP está disponível para as três primeiras doses do esquema infantil de rotina, enquanto as demais doses para a prevenção da poliomielite são feitas com a vacina VOP. Já nos serviços privados de vacinação, a vacina está disponível apenas em apresentações combinadas com outras vacinas, como DTPa-VIP/Hib, também conhecida como pentavalente inativada e DTPa-VIP-HB/Hib, conhecida como hexavalente, para crianças com menos de 7 anos e dTpa-VIP para crianças a partir de 3 anos, adolescentes e adultos.
Devido à erradicação da poliomielite em diversas regiões do mundo e também para evitar a paralisia que pode ser causada pelo vírus contido na vacina oral (VOP), a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que países como o Brasil, de baixo risco para o desenvolvimento da doença, passem a utilizar a vacina inativada (VIP), sempre que possível. Desde 2016, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) adota a vacina VIP nas três primeiras doses do primeiro ano de vida (aos 2, 4 e 6 meses de idade) e a VOP no reforço e campanhas anuais de vacinação. Recentemente, o Governo Federal anunciou que vai substituir gradualmente a Vacina Oral Poliomielite (VOP) pela versão inativada (VIP) do imunizante a partir de 2024. A recomendação foi debatida e aprovada pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização, que considerou as novas evidências científicas para proteção contra a doença. A atualização não representa o fim imediato do imunizante na versão popularmente conhecida como “gotinha”, mas um avanço tecnológico para maior eficácia e segurança do esquema vacinal, que será feito após um período de transição. Após um período de transição que começa no primeiro semestre de 2024, as crianças brasileiras que completarem as três primeiras doses da vacina irão tomar apenas um reforço com a VIP (injetável) aos 15 meses. A dose de reforço aplicada atualmente aos 4 anos não será mais necessária, já que o esquema vacinal com quatro doses garantirá a proteção contra a pólio.
É importante reforçar que as vacinas aprovadas e utilizadas no Brasil passam por criteriosa avaliação de eficácia, segurança e monitoramento. Não existem vacinas em uso “boas” ou “ruins”. Esse próximo passo para a utilização mais abrangente da VIP só foi possível graças ao sucesso e eficácia de todos os imunizantes utilizados na prevenção da poliomielite. Seja no posto ou na clínica, o importante e manter a vacinação em dia.